|
DIRETRIZES DOUTRINÁRIAS
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
CAP. XI - DA LEI DE JUSTIÇA
Caridade e amor do próximo
886. Qual o
verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia
Jesus?
Benevolência para com todos, indulgência para as
imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
O amor e a
caridade são o complemento da lei de justiça. pois amar o
próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que
desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras
de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos. A caridade,
segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as
relações
em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles
nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela
nos prescreve a indulgência, porque da indulgência
precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os
desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer.
Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e
deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente
como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No
entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto
maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o
infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom
procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é
inferior, diminuindo a distância que os separa.
887. Jesus
também disse: Amai mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos
inimigos não será contrário às nossas tendências naturais e
a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os
Espíritos?
Certo ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e
apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar
os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem.
O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao
passo que abaixo deles se coloca , se procura tomar
vingança.
888. Que se
deve pensar da esmola?
Condenando-se a pedir esmola, o homem se degrada física e
moralmente: embrutece-se. Uma sociedade que se baseia na lei
de Deus e na justiça deve prover à vida do fraco, sem que
haja para ele humilhação. Deve assegurar a existência dos
que não podem trabalhar, sem lhes deixar a vida à mercê do
acaso e da boa-vontade de alguns.
a) - Dar-se-á
reproveis a esmola?
Não; o que merece reprovação não é a esmola, mas a maneira
por que habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende
a caridade de acordo com
Jesus, vai ao encontro do desgraçado, sem esperar que este
lhe estenda a mão. A verdadeira caridade é sempre bondosa e
benévola; está tanto no ato, como na
maneira por que é praticado. Duplo valor tem um serviço
prestado com delicadeza. Se o for com altivez, pode ser que
a necessidade obrigue quem o recebe a aceitá-lo, mas o seu
coração pouco se comoverá.
Lembrai-vos também de que, aos olhos de Deus, a ostentação
tira o mérito ao benefício. Disse Jesus: Ignore a vossa mão
esquerda o que a direita der. Por essa forma, ele vos
ensinou a não tisnardes a caridade com o orgulho.
Deve-se distinguir a esmola, propriamente dita, da
beneficência. Nem sempre o mais necessitado é o que pede. O
temor de uma humilhação detém o verdadeiro pobre, que muita
vez sofre sem se queixar. A esse é que o homem
verdadeiramente humano sabe ir procurar, sem ostentação.
Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, lei divina,
mediante a qual governa Deus os mundos. O amor é a lei de
atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei
de amor para a matéria inorgânica.
Não esqueçais nunca que o Espírito, qualquer que seja o grau
de seu adiantamento, sua situação como encarnado, ou na
erraticidade, está sempre colocado entre um superior, que o
guia e aperfeiçoa, e um inferior, para com o qual tem que
cumprir esses mesmos deveres. Sede, pois, caridosos,
praticando, não só a caridade que vos faz dar friamente o
óbolo que tirais do bolso ao que vo-lo ousa pedir, mas a que
vos leve ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes
com os defeitos dos vossos semelhantes. Em vez de votardes
desprezo à ignorância e ao vício, instruí os ignorantes e
moralizai os viciados.
Sede brandos e benevolentes para com tudo o que vos seja
inferior. Sede-o para com os seres mais ínfimos da criação e
tereis obedecido à lei de Deus.
SÃO VICENTE
DE PAULO
889. Não há
homens que se vêem condenados a mendigar por culpa sua?
Sem dúvida; mas, se uma boa educação moral lhes houvera
ensinado a praticar a lei de Deus, não teriam caído nos
excessos causadores da sua perdição. Disso, sobretudo, é que
depende a melhoria do vosso planeta. (707)
Para contato
com a Equipe Espiritismo.net, acesse:
www.espiritismo.net/familia.