16ª Mini-Jornada da Família

"O consumismo material e a educação familiar"



ARTIGOS E MENSAGENS

Educação para o consumo consciente

Qual a importância de trabalhar com os alunos a educação para o consumo?

A sociedade de consumo se desenvolveu e sofisticou muito, principalmente no último século e hoje enfrenta as consequências deste crescimento desgovernado que afeta a todos nós, principalmente em dois aspectos, o ambiental e o sociocultural.

A educação para o Consumo Consciente visa desenvolver no jovem uma visão crítica e responsável de seu papel enquanto cidadão e consumidor.

A questão ambiental

O ato de consumir sempre fez parte da vida dos grupos humanos desde as suas origens. Para sobreviver, os seres humanos sempre foram obrigados a buscar alimento, água e abrigo. Retiravam esses elementos da natureza e foram aprendendo a elaborá-los cada vez mais, utilizando técnicas cada vez mais avançadas para transformá-los em bens consumíveis.

Hoje, em plena sociedade industrial, embora a velocidade das transformações seja cada vez maior e as técnicas cada vez mais sofisticadas, o ser humano ainda retira da natureza todos os recursos para produzir os bens que necessita – água, minérios, madeira entre outros. A retirada destes recursos vem se intensificando de forma crescente e o descarte do refugo também, causando problemas que levam a humanidade a discutir a sua própria sobrevivência se o ritmo da destruição não se alterar rapidamente.

A preservação do meio ambiente deve ser uma preocupação fundamental do consumidor consciente.
O cidadão consumidor exerce o seu papel envolvendo-se na mobilização de outros indivíduos, dando prioridade à compra de produtos de empresas que atendam normas de Consumo Consciente e cobrando políticas públicas que contribuam para viabilizar o exercício do Consumo Consciente.

Ao comprar, usar ou descartar um produto, deve-se levar em conta, além do preço: a origem e quantidade existente na natureza da matéria-prima utilizada em sua produção; se o os recursos utilizados nessa produção são ou não renováveis; se a produção desse produto envolveu algum tipo de agressão ao meio ambiente.

A população da Terra consome 20% a mais de recursos naturais do que é suportável pondo em risco as reservas naturais, esgotando recursos não renováveis e dificultando a reposição dos recursos renováveis. Para que toda a população mundial tivesse o mesmo padrão de consumo dos europeus e norte-americanos seriam necessários mais 4 planetas Terra.

Um desenvolvimento social e econômico em harmonia com as limitações ecológicas do planeta, que utilize os recursos de maneira inteligente e não predatória, sem destruir o ambiente, pensando em preservar esses recursos, também para as futuras gerações, para que tanto hoje como no futuro possamos viver com qualidade de vida, é a forma de viabilizar um desenvolvimento sustentável.

Política dos 3 R's

Cada brasileiro produz cerca de 1 kg de lixo por dia. São produzidas 43,8 milhões de toneladas de lixo, por ano, no Brasil. A maior parte desse lixo vai para aterros sanitários ou é simplesmente jogada na natureza – nos rios, no mar ou outros lugares.

Para haver Consumo Consciente o uso e o descarte de um produto estão intimamente ligados à Política dos 3 R's – um conjunto de medidas criadas para melhorar a gestão de resíduos ambientais que pressupõe a redução do uso de matéria-prima e energia, a reutilização direta dos produtos e a reciclagem dos materiais através da separação do lixo, coleta seletiva entre outros, com o objetivo de transformar materiais aparentemente inúteis em matéria-prima ou produtos novos, economizando energia, recursos naturais e diminuindo a quantidade de lixo.

A Política dos 3 R's, faz parte da "Agenda 21", documento com propostas para o desenvolvimento sustentável, aprovado pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, conhecida por ECO-92.

O desperdício

O desperdício de alimentos está associado a problemas como colheita, transporte e armazenamento inadequados, e traz consigo alguns outros, como o agravamento do problema do lixo, a necessidade de uma produção maior para suprir o que se perde entre outros.

No debate sobre a fome que atinge milhões de pessoas no Brasil e no Mundo, é comum se alegar que não se produz alimento suficiente para os 800 milhões de pessoas que passam fome no mundo. No entanto, enquanto que a dieta necessária para alimentar adequadamente uma pessoa é de 2.350 Kcal por dia, o mundo produz 2.805 Kcal por dia, por pessoa. Isso mostra que há alimentos suficientes para todos. O problema está na distribuição desigual, na utilização de alimentos inadequados e no desperdício. No Brasil o desperdício de alimentos chega a R$ 12 bilhões por ano, o que poderia alimentar 30 milhões de pessoas.

A questão sociocultural

As relações de consumo presentes em nosso cotidiano, determinam e refletem em grande parte os nossos valores, as nossas preocupações com a sociedade em que vivemos e com o meio ambiente, embora nem sempre nos apercebamos disso.

O desenvolvimento do mercado de consumo, a necessidade crescente de ampliar as ofertas de produtos e serviços, alimentando assim o sistema, levou o mercado a organizar seu funcionamento com base na oferta constante e crescente de novas necessidades, interferindo direta ou indiretamente nos hábitos e nas decisões do consumidor e criando, assim, novos valores e necessidades através de campanhas publicitárias entre outros.

O consumidor inconscientemente, passou a definir seus valores e necessidades pelo que lhe é "oferecido" e não pelas suas reais aspirações e necessidades. Isso se dá não só em termos de produtos, mas também como referência de modo de vida, de sucesso, de felicidade, de qualidade de vida.

A educação para o consumo se propõe a trabalhar com estes elementos. O seu objetivo é capacitar os alunos/consumidores para que saibam discernir, escolher com fundamento e propriedade os bens e serviços que vão utilizar e que tenham consciência de seus direitos e responsabilidades.

O que fazer?

Muitas são as frentes onde se pode agir para desenvolver as bases de educação para um consumidor consciente. A escola é um local privilegiado para se descobrir, conhecer, criticar e transformar a sociedade de consumo.

A educação do consumidor se baseia na relação entre consumo e qualidade de vida, entendendo-se esta última como o desenvolvimento pleno, criativo, solidário e livre do ser humano.

"A educação do consumidor, deve contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos, dando-lhes conceitos, procedimentos e atitudes que possibilitem a construção de uma sociedade de consumo cada vez mais justa, solidária e responsável, capaz de melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos, sem deteriorar o entorno". (Maria Nieves Alvarez (Cajás Rojas, MEC Espanha)

Esta preocupação com a educação para o consumo aparece hoje em muitos países. A Assembleia das Nações Unidas tomou uma resolução em 1985, de que os governos deveriam estimular a formação de programas de educação e formação do consumidor, com o objetivo de capacitar os consumidores para que saibam discernir, possam fazer escolhas bem fundadas de bens e serviços e que tenham consciência de seus direitos

Uma resolução do Conselho da Europa e dos Ministros da Educação dos países da União Europeia determina que nos programas escolares a Educação do Consumidor não deve se tratar necessariamente de uma disciplina separada, seria desejável que fosse incluída no contexto de um ensino que abarque os aspectos da sociedade contemporânea relacionadas com os direitos e as responsabilidades dos consumidores, como:

O funcionamento das forças do mercado;
O papel do consumidor na economia;
A tomada de consciência das questões relativas ao meio ambiente;
A atitude em relação à publicidade;
A atitude em relação aos meios de comunicação;
A utilização do tempo livre.

No Brasil esta preocupação também está presente na educação oficial, nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – (documento que orienta a organização dos currículos de todos os segmentos do ensino), dentro dos Temas Transversais – são previstos no planejamento curricular, mas que não têm o tratamento das matérias convencionais, pois devem ser abordados em várias delas.

Os Temas Transversais presentes nos parâmetros curriculares são:

Ética;
Pluralidade cultural;
Educação ambiental;
Orientação sexual;
Saúde;
Trabalho e consumo (segmento de 5º ao 9º anos).

Destes, os itens consumo, ética (que engloba as questões socioculturais) e educação ambiental já foram tratados aqui. Temos ainda o item saúde, que também se relaciona com a questão do Consumo Consciente no que se refere à escolha dos alimentos seu papel nutricional e aos cuidados na hora da compra.

Visando garantir os direitos do consumidor temos hoje no Brasil diversos órgãos públicos como:

PROCON;
DECON (Departamento Estadual de Polícia do Consumidor);
Juizado Especial Cível (antigo Juizado Especial de Pequenas Causas);
Justiça Comum;
Ministério Público;
Justiça Federal;
Procuradoria de Assistência Judiciária.

E outros de ordem privada:

Comissão de Defesa do Consumidor da OAB – disponibiliza advogados para defender os consumidores atingidos em seus direitos; IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) – orienta os associados em questões que envolvem a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.

Fonte: www.penaestrada.org/consumoconsciente/educacao-para-o-consumo-consciente

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