Projeto Manoel Philomeno de Miranda

Caso 3

Pressentimento falso

NARRATIVA

Era casada, o marido ficara paralítico e tinha 5 filhos para criar. Defrontava-se, agora, com um problema grave de saúde: estava com câncer ovariano e, no último exame, fora detectada a metástase.

Estava desesperada, antevendo a possibilidade de morrer deixando os entes queridos em dificuldade econômica.

Para acrescer a sua ansiedade, estava vivendo um instante de grande tristeza e amargura, pois, no dia seguinte, seria submetida à cirurgia e tivera um pressentimento de que não sairia com vida da mesa de operação.

ORIENTAÇÃO

As nossas primeiras palavras foram de estímulo, de enaltecimento pela forma corajosa como aquela mulher assumira as suas responsabilidade até ali.

“Que ela confiasse em Deus e se entregasse à Sua providências, de forma total, naquele momento de tanta expectativa e tensão. O Pai saberia ampará-la, nada acontecendo de ruim, pois ele só para o bem age, em proveito de seus filhos – arrematei.

“Naturalmente – explicamos – nos momentos de grande tensão, ante provas excruciantes, a nossa mente perde o contato com o Divino e se envolve no manto do pessimismo, pensando só no pior. É por essa razão que você está assimilando a idéia de morrer. Não se trata de pressentimento algum. É conseqüência da tristeza e do medo que lhe invadem a alma neste momento de dificuldade.”

Então, dissemos:

“Você, que tem sido uma batalhadora, infundindo ânimo em seus familiares em prova, acudindo o marido enfermo, será que Deus a deixaria desamparada nesta hora? Renove-se na orarão para asserenar-se e enfrentar a cirurgia com coragem e bem disposta.”

Ela esboçou um discreto sorriso, prenunciador de mudanças positivas na paisagem dos sentimentos, agradeceu, e se dispôs a sair, quando lhe propusemos: - Deixe o seu nome para as vibrações, nós oraremos por você, e aproveite as horas que antecedem a cirurgia para tomar passes e se preparar, mental e emocionalmente, para a intervenção.

E, lembre-se, quando estiver restabelecida, retorne para dar notícias.

COMENTÁRIO

É comum, em momentos de grande tensão emocional, certas pessoas menos resistentes se deixarem envolver pela dúvida, desânimo, depressão, fatos de que, muitas vezes, se servem Espíritos maus e ignorantes para incutirem idéias pessimistas, gerando um quadro de obsessão simples, de graves conseqüências, terminando por minar a mente, em momentos decisivos em que as mesmas precisam do máximo de forças para vencer os obstáculos.

Cabe ao atendente fraterno sacudir aquela tristeza (pelo menos concorrer para isso) sendo animado e estimulador.

Analisando especificamente o caso apresentado, imaginemos que o pressentimento que passava pela mente da consulente fosse uma realidade, e que se tratasse, de fato, de um presságio de desencarnação. De nada adiantaria o atendente fraterno reforçar mais desânimo quando, o que a pessoa precisava era de força, energia, confiança para continuar a sua trajetória, fosse onde fosse.

Por outro lado, uma orientação dúbia, do tipo: “Devemos estar preparados para o que quer que nos aconteça, conforme a vontade de Deus...” Estaria indiretamente reforçando a idéia do óbito, conduzindo aos mesmos resultados de desestímulo e pessimismo que a consulente apresentava.

Ainda que racionalmente saibamos ser a morte uma possibilidade em casos de tal complexidade, não podemos matar o momento de esperança de ninguém, ainda porque ante a falta de tempo para uma conscientização demorada optamos pelo incentivo, pela superação do conflito.

No caso, a providência era de emergência. O comando único que se impunha era estimular e estimular. O que não se pode fazer, de modo algum, é dar garantias absolutas, prometer curas e maravilhas.

Do livro "Atendimento Fraterno"
Autor: Projeto Manoel Philomeno de Miranda
Editora: Livraria Espírita Alvorada Editora