Exemplos de Atendimentos

CASO 1

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==[ Pergunta ]==
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(Assunto/Pergunta): O que o Espiritismo diz sobre a Homossexualidade? / Olá. Meu nome é Xxxxx, tenho 19 anos e sou homossexual. Não sou espírita, então não conheço bem a doutrina. Gostaria de saber se a homossexualidade é algo errado, se é pecado. Já procurei na internet a respeito disso, mas encontrei respostas com termos muito complicados e não consegui entender. Peço desculpas pelo incômodo e desde já, agradeço pela atenção ;)

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==[ Resposta ]==
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Caro irmão,

Muita paz! Que Deus nos conceda a lucidez necessária ao entendimento do assunto que você nos traz, para que possamos atingir o propósito do esclarecimento das suas dúvidas.

A Doutrina Espírita abrange uma vasta coletânea de ideias, com fundamentos científicos, filosóficos e morais, que foram codificadas pelo pedagogo francês Allan Kardec a partir dos ensinos ditados por Espíritos Superiores a vários médiuns da sua época, em meados do século XIX. As obras básicas da Doutrina Espírita são: O que é o Espiritismo, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese. Pode-se fazer download gratuito dessas obras em nosso website: http://www.espiritismo.net/content,0,0,292,0,0.html. A partir da publicação dessas obras básicas, até os dias atuais, milhares de outras obras espíritas complementares foram publicadas, enriquecendo muito o nosso conhecimento acerca do mundo espiritual e da alma humana. Dentre os autores espíritas brasileiros mais renomados podemos citar: Francisco Cândido Xavier (mais conhecido como Chico Xavier), Divaldo Pereira Franco, José Raul Teixeira, entre muitos outros.

Respondendo à sua dúvida, as obras básicas da Doutrina Espírita não abordam diretamente a questão da homossexualidade, por isso não podemos dizer que haja uma orientação explícita da Doutrina sobre este assunto. Para buscar um entendimento maior, recorremos aos pensadores espíritas, dos séculos passados e do presente, que expressaram suas considerações sobre o tema da homossexualidade, tomando por base fundamentos espíritas, além das suas convicções pessoais.

De um modo geral, não há uma posição uníssona entre os adeptos do Espiritismo sobre a questão da homossexualidade, entretanto, há uma convergência de entendimento sobre os principais aspectos. Vamos citar alguns pensadores espíritas que consideramos mais significativos neste assunto.

O codificador espírita Allan Kardec, em artigo publicado na Revista Espírita de janeiro de 1866, teceu as seguintes considerações (grifos nossos):

“As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que os unem nada têm de carnal e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque fundadas numa simpatia real e não são subordinadas às vicissitudes da matéria. (...) Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos, sendo criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão pela qual os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (...) Os Espíritos se encarnam nos diferentes sexos; aquele que foi homem poderá renascer mulher, e aquele que foi mulher poderá nascer homem, a fim de realizar os deveres de cada uma dessas posições, e sofrer-lhes as provas.

A Natureza fez o sexo feminino mais fraco que o outro, porque os deveres que lhe incumbem não exigem igual força muscular e seriam até incompatíveis com a rudeza masculina. Nela a delicadeza das formas e a finura das sensações são admiravelmente apropriadas aos cuidados da maternidade. Aos homens e às mulheres, são, pois, atribuídos deveres especiais, igualmente importantes na ordem das coisas; são dois elementos que se completam um pelo outro.

Sofrendo o Espírito encarnado a influência do organismo, seu caráter se modifica conforme as circunstâncias e se dobra às necessidades e exigências que lhe impõe esse mesmo organismo. Esta influência não se apaga imediatamente após a destruição do envoltório material, assim como não perde instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. Depois, pode acontecer que o Espírito percorra uma série de existências no mesmo sexo, o que faz que, durante muito tempo, possa conservar, no estado de Espírito, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. Somente quando chegado a um certo grau de adiantamento e de desmaterialização é que a influência da matéria se apaga completamente e, com ela, o caráter dos sexos. Os que se nos apresentam como homens ou como mulheres, é para nos lembrar a existência em que os conhecemos.

Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o mesmo se dá quando o Espírito passa da vida espiritual à vida corporal. Numa nova encarnação ele trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito; se for avançado, será um homem avançado; se for atrasado, será um homem atrasado. Mudando de sexo, sob essa impressão e em sua nova encarnação, poderá conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres.”

O autor espírita Francisco Cândido Xavier, entrevistado no programa “Pinga-Fogo” da TV Tupi, em 1971, respondeu da seguinte forma:

“O homossexualismo, tanto quanto a bissexualidade ou bissexualismo, como a assexualidade, são condições da alma humana. Não devem ser interpretados como fenômenos espantosos, como fenômenos atacáveis pelo ridículo da humanidade. Tanto quanto acontece com a maioria que desfruta de uma sexualidade dita normal, aqueles que são portadores de sentimentos de homossexualidade ou de bissexualidade são dignos do nosso maior respeito. Nós temos um problema em matéria de sexo na Humanidade que precisaríamos considerar com bastante segurança e respeito recíproco. Vamos dizer, se as potências do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, na tatilidade com que as mãos executam trabalhos manuais, nos pés, se todas essas potências foram dadas ao homem para a educação, para o rendimento no bem, isto é, potências consagradas ao bem e à luz, em nome de Deus, seria o sexo, em suas várias manifestações, sentenciado às trevas?”

O autor espírita Divaldo Pereira Franco, em palestra sobre o seu livro “Sexo e Obsessão”, expressou as seguintes considerações:

“O homossexualismo não é uma tara, não é uma doença, não é um castigo divino. É uma experiência evolutiva. O fato de um indivíduo ser homossexual não quer dizer que ele é um pervertido, como o fato de alguém ser heterossexual não quer dizer que seja um depravado. O uso que cada um faça da sua homo ou da sua heterossexualidade é que lhe dará dignificação ou que lhe dará manifestações de desvio de conduta.”

Em outra entrevista, este mesmo autor espírita respondeu sobre o fato de uma pessoa seguir a sua tendência homossexual ser um desvio moral ou não:

“Não diria que é um desvio moral. Um indivíduo masculino com tendências femininas e a recíproca, um indivíduo feminino com tendências masculinas, trata-se de uma experiência do Espírito. O Espírito é assexuado. Durante um largo período, ele vem na masculinidade ou na feminilidade. Quando ele muda de uma polaridade para outra, ele leva o conteúdo psicológico da anterior. O indivíduo deve portar-se de maneira que se sinta feliz. Se ele opta, por direito que lhe é concedido pelo livre-arbítrio, por exercer a sua tendência psicológica, ele é digno de todo o respeito. Ele tem o direito de ser feliz conforme os seus padrões. Então, nós respeitamos todas as opções sexuais e comportamentais. E, naturalmente, divulgamos que o indivíduo deve evitar a promiscuidade de qualquer natureza, sob qualquer aspecto.”

Seu pensamento sobre o direito de herança entre parceiros homossexuais:

“Parece muito justo que, se duas pessoas trabalham vinculadas com um sentimento fraternal ou um sentimento sexual, para granjear determinados recursos, e morre um deles, por que este ser que lhe deu a mão durante tantos anos, que foi o seu estímulo, que foi a sua inspiração, não merece ser parceiro também daquilo que lhe fica? É uma atitude que a mim, pessoalmente, me parece muito justa, muito nobre.”

O autor espírita José Raul Teixeira, em palestra, afirmou:

“A homossexualidade é uma realidade psicológica. Ao longo do mundo, nos 42 países que tive a alegria de conhecer, tenho encontrado homossexuais. Eles me dizem, imaginando cometer um grande pecado pelo que sentem. Não são pederastas obrigatoriamente, não são lésbicas obrigatoriamente, mas têm o pendor de se apaixonar por outras criaturas da mesma morfologia. O conflito não é da forma, é da mente. São homens e mulheres carregando essa marca, que não seria nenhum problema se a sociedade hipócrita e alienada não quisesse apedrejar.”

Seu pensamento sobre adoção de crianças por casais homossexuais:

“Alguém pergunta: ‘Mas os homossexuais podem adotar criança? A criança não corre o risco de ficar gay também?’ E os benfeitores espirituais nos chamam a atenção para o fato de que em toda a história da Humanidade houve homossexuais, todos filhos de casais hetero. Então é preciso que nós paremos para refletir, para pensar e sair da tolice.”

Da mesma forma, somos da opinião de que a homossexualidade não é uma doença, tampouco uma delinquência. É apenas uma tendência circunstancial do Espírito encarnado. Ao final do seu percurso milenar, através das incontáveis reencarnações, o Espírito acumulará a totalidade das aquisições pertinentes à feminilidade, como também as da masculinidade. Acreditamos que o preconceito e a hostilidade que uma parte da sociedade atual ainda dirige aos homossexuais será gradualmente eliminada, à medida que a Humanidade evolua moralmente. E isso certamente se refletirá também na legislação e nos costumes.

Que Deus abençoe nossos propósitos de entendimento
Esperamos ter ajudado

Equipe do Atendimento Fraterno e Perguntas e Respostas do Espiritismo.net
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